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    Dificuldades e habilidades das crianças disléxicas

    Dificuldades e habilidades das crianças disléxicas

    Dificuldade em ler ou em lembrar a ordem alfabética podem ser sinais de dislexia, um transtorno específico que afeta a área da leitura e escrita. “A dislexia é um transtorno inesperado, porque uma criança pode sempre ter se desenvolvido de forma típica em todas as áreas, mas na hora de aprender a ler e escrever, ela demonstra uma dificuldade”, explica Julia Braga, psicóloga com mestrado em educação inclusiva e gestora de educação do Instituto ABCD, organização social que ajuda pessoas com transtorno de aprendizagem. 

    A dislexia é neurobiológica, isto é, tem origem genética e atinge cerca de 5% da população brasileira atualmente, ou seja, aproximadamente 10 milhões de pessoas, de acordo com dados fornecidos pelo Instituto ABCD. A linguagem oral também pode ser afetada: “A criança pode ter um pouco de dificuldade para pronunciar as palavras, trocar as sílabas e o som das letras”. É uma condição que não tem cura, mas isso não significa que a pessoa nunca aprenderá a ler ou escrever. Julia Braga explica que é possível melhorar o mecanismo de alfabetização. 

    As crianças precisam de muito suporte emocional para lidar com a dislexia na infância. “O que você vê hoje não representa o futuro. É para deixar bem claro que a dificuldade não marca quem eles são, cada um tem o seu processo, tem o seu ritmo e isso precisa ser respeitado”, afirma a gestora de educação do Instituto ABCD. Esse tipo de conversa em sala de aula é fundamental não só para crianças com dislexia, mas para todos os alunos. Assim, a escola promove uma educação inclusiva, que se importa com a neurodiversidade dos estudantes.

    É preciso que as instituições de educação busquem se adaptar para ensinar crianças com dislexia, porque elas têm alta capacidade de aprender. De acordo com pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Dislexia (ABD) em conjunto com o Centro Especializado em Distúrbios de Aprendizagem (CEDA), que teve como referência dados obtidos entre 2013 e 2021, 46% das pessoas com dislexia têm Q.I acima da média (110-137).

    Existem graus de severidade da dislexia e é preciso reconhecer que a pessoa sempre pode apresentar algum desafio na leitura e escrita, mas pode ter uma vida normal e sucesso profissional. “É importante trabalhar as dificuldades e investir nos talentos”, diz Braga. Por isso, além de motivar o interesse pelas áreas que a criança apresenta maior habilidade, a especialista destaca que é fundamental começar com o tratamento apropriado o quanto antes.

    A importância do diagnóstico precoce

    “O diagnóstico precoce é fundamental, porque quanto mais cedo você começa uma intervenção na criança, mais sucesso você vai ter. Existem muitos estudos que mostram que crianças que começam a ter uma intervenção precoce vão ter menos dificuldade de leitura”, aponta a gestora educacional do Instituto ABCD.  A avaliação geralmente é feita por uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogo, fonoaudiólogo e médico (pediatra, neuropediatra, neurologista e/ou psiquiatra). Dessa forma, é possível realizar uma avaliação integral da pessoa, em que cada profissional contribui com entendimentos e olhares específicos de sua área de conhecimento.

    Com o diagnóstico, é preciso que a escola busque se adaptar, se informar e preparar melhor os professores para ensinar o aluno disléxico. Além disso, a criança pode precisar fazer uma terapia especializada fora da escola, com psicólogos e fonoaudiólogos, por exemplo. “A pessoa com dislexia precisa de um ensino bastante explícito, com bastante repetição até a criança dominar o conteúdo. É interessante usar jogos e músicas, tomando cuidado para a repetição não ficar entediante”, relata Julia Braga.

    A especialista afirma que a intervenção gera mudanças cerebrais e apresenta melhores resultados quando as crianças são menores, pois apresentam uma maior plasticidade. “Também tem muitas pessoas que são diagnosticadas mais tarde, quando já estão na faculdade, na vida adulta, e tudo bem. Sempre é bom ter o diagnóstico, não importa a idade, mas quanto mais cedo melhor, porque a intervenção é mais eficaz para o desenvolvimento cerebral”, completa.

    É fundamental ajudar as crianças a preservarem a autoestima

    “No contexto escolar, nessa idade da alfabetização o grande sucesso que você tem na vida é aprender a ler e escrever. Quem tem dificuldade nessa área vai acabar ficando com a autoestima um pouco prejudicada”, aponta Julia Braga, que trabalhou muitos anos como professora. Se o diagnóstico da criança disléxica é desconhecido, ela pode ser tachada como preguiçosa ou até burra. É preciso oferecer todo o apoio para que ela não acredite nisso.

    “Todos os dias meu filho acorda de manhã, coloca o uniforme da escola, veste o maior sorriso e vai para um ambiente de fracasso. A gente sempre precisa dizer que ele não está fracassando, ele só pode se comparar com ele mesmo. Não precisamos de um ensino igual para todos, precisamos de um ensino de equidade, a escola tem que oferecer para cada criança o que ela precisa para alcançar o seu potencial”, destaca Fabiola Helou, casada com um disléxico bem sucedido, mãe de dois filhos disléxicos, de 12 e 14 anos, e fundadora do grupo de apoio Dislexia SP.

    A família e a escola precisam caminhar juntos para ajudar as crianças disléxicas. “Todo mundo tem habilidades e dificuldades, e não é diferente com os disléxicos. A questão é que as dificuldades deles na fase escolar ficam muito expostas. O papel dos pais é conduzir as crianças ao sucesso, levando tudo de maneira otimista e com naturalidade”, indica Fabiola Helou. É crucial que os pais sempre fiquem ao lado dos filhos para apoiá-los. “Tem dias difíceis, tem dias que eu choro e que eles choram. Mas os pais não ajudam se só passarem a mão na cabeça, eles ajudam se pegarem na mão dos filhos e falarem: nós vamos juntos”, completa. 

    É preciso ter muita empatia, respeito e paciência

    “Nosso papel como mãe e pai é ajudar os nossos filhos a atingirem 100% do seu potencial, sem deixá-los acomodados ou estagnados, mas lidando sempre com muito carinho. É importante encontrar esse equilíbrio o quanto antes. Reconheça a dificuldade, mas enalteça o que eles são bons”, diz Fabiola Helou. A mãe e fundadora do Dislexia SP recomendou algumas dicas para auxiliar pais de crianças disléxicas. Confira!

    • Encarar as situações com otimismo e humor;
    • Buscar informações sobre o assunto;
    • Encontrar os seus iguais: procurar pessoas com quem possa dividir experiências;
    • Seguir perfis nas redes sociais que tratam da dislexia;
    • Ter paciência;
    • Dialogar com a escola;
    • Sempre tratar os filhos com carinho e empatia. 

    Experimentar aplicativos educativos

    Recomendado por Julia Braga, o aplicativo Eduedu, idealizado pelo Instituto ABCD, visa ajudar crianças com dificuldade em leitura e escrita, com estratégias utilizadas com pessoas disléxicas. “Apesar da dislexia afetar 5% da população brasileira, 50% ou mais das crianças apresentam dificuldade na leitura e escrita no período do terceiro ano do ensino fundamental. Então, o aplicativo foi feito para alcançar uma dimensão maior e auxiliar todas as crianças com dificuldade na alfabetização”, conta a psicóloga. 

    O Eduedu avalia o desenvolvimento da criança e cria um material de esforço personalizado para ela. São apresentadas atividades digitais e para imprimir que utilizam a gamificação, o que as deixam mais divertidas e dinâmicas. Lançado em 2019, já conta com mais de 500 mil alunos registrados em todo o Brasil e é gratuito, disponível na Play Store para Android.

    Link para download: App EduEdu

    Texto: Amanda Nunes Moraes 
    Crédito de foto: Acervo Canguru News
    https://cangurunews.com.br

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