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    Crianças vítimas de violência: saiba os comportamentos que elas podem apresentar

    Crianças vítimas de violência: saiba os comportamentos que elas podem apresentar

    Um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, feito a pedido do Instituto Liberta, mostrou que pelo menos 35.735 crianças e adolescentes de zero a 13 anos foram vítimas de estupro no Brasil no ano passado - e a maioria delas são meninas. 

    As vítimas, quase sempre têm algum tipo de vínculo com o autor:

    • 40% dos crimes foram cometidos por pais ou padrastos;
    • 37% por primos, irmãos ou tios;
    • e quase 9% por avós.

    “Se a gente lembra do fato de que são mais de quatro meninas de menos de 13 anos estupradas por hora, que o Brasil por ano tem mais de 21.600 meninas que ficam grávidas antes dos 14 anos de idade, a gente vai ter certeza de que este não foi o único caso que aconteceu e precisamos falar disso", destaca Luciana Temer, presidente do Instituto Liberta, em matéria divulgada pelo programa Fantástico, da Globo. Luciana se refere ao caso da menina de Santa Catarina que sofreu um estupro de vulnerável (quando a vítima tem menos de 14 anos) e teve inicialmente o direito ao aborto legal negado.

    O Instituto Liberta promove a campanha #agoravcsabe, uma passeata virtual que  mobiliza a sociedade para combater violência sexual contra crianças e adolescentes.

    Muitas vezes, as crianças têm receio de denunciar o agressor aos pais, por diversas razões que incluem sentimentos de culpa, constrangimento, vergonha, impotência, medo ou mesmo por não saber como falar sobre o abuso. A probabilidade de manter o segredo pode ser ainda maior quando o transgressor for um membro da família ou conhecido.

    Para ajudar a identificar crianças que estejam passando por isso, a Sociedade Brasileira de Pediatria elaborou um guia que ajuda os pais a identificar sinais de abuso sexual em crianças e adolescentes e orienta quanto a como agir nessa situação. Confira abaixo algumas das principais orientações do guia.

    Mudanças de comportamento
    Pais ou responsáveis devem ficar atentos se a criança ou o adolescente muda seu comportamento, começa a ter medos que não tinha antes – do escuro, de ficar sozinha ou de se aproximar de determinadas pessoas; ou então tem mudanças extremas no humor: era ‘super extrovertida’ e passa a ser muito introvertida, ‘era calma e passa a ser agressiva’. A rejeição ou mesmo o pânico a pessoas da família também podem ser um sinal de alerta, visto que a maioria dos casos é praticado por familiares próximos.

    Proximidade excessiva
    Se ao chegar à casa de familiares ou conhecidos, seu filho desaparece por horas brincando com um primo mais velho, tio ou padrinho ou se é alvo de um interesse incomum de adultos da família em situações em que ficam sozinhos sem supervisão, é preciso ligar o alerta. Muitas vezes, o abusador manipula emocionalmente a vítima que nem sequer percebe estar sendo vítima naquela etapa da vida, o que pode levar ao silêncio por sensação de culpa. Essa culpa pode se manifestar em comportamentos graves no futuro como a autolesões e até ideias suicidas ou o próprio suicídio.  

    Regressão
    A vítima pode apresentar comportamentos que já havia abandonado, como fazer xixi na cama ou voltar a chupar o dedo. Ou ainda começar a chorar sem motivo aparente. Se isolar com medo, não ficar perto de amigos, não confiar em ninguém, não sorrir ou usar roupas incompatíveis com o clima como mangas longas, capuz (pode ser sinal de autolesão) ou fugir de qualquer contato físico.

    Segredos
    Para manter o silêncio da vítima, o abusador pode fazer ameaças de violência física e de expor fotos suas. É comum também que usem presentes, dinheiro ou outro tipo de benefício material para construir a relação com a vítima. É preciso explicar aos filhos que nenhum adulto ou criança mais velha deve manter segredos com ela que não possam ser compartilhados com adultos de confiança, como a mãe ou o pai.

    Hábitos
    Uma vítima de abuso também apresenta alterações de hábito repentinas. Pode ser desde um mau desempenho escolar, falta de concentração, recusa a participar de atividades, mudanças na alimentação (anorexia, bulimia), distúrbio do sono como pesadelos e insônia, medo de ficar só e mudança na aparência e forma de se vestir.

    Questões de sexualidade
    As vítimas podem reproduzir o comportamento do abusador em outras crianças/adolescentes. Como exemplo, chamar os amiguinhos para brincadeiras que têm algum cunho sexual, fazer desenhos que mostram genitais ou ainda apresentar comportamentos como: em vez de abraçar um familiar, dá beijo e acaricia onde não deve. Também pode usar palavras diferentes das aprendidas em casa para se referir às partes íntimas – nesse caso, vale perguntar onde seu filho aprendeu tal expressão.

    Questões físicas
    Existem situações em que a criança/adolescente acaba até mesmo contraindo infecções sexualmente transmissíveis ou gravidez. Deve-se ficar atento a possíveis traumatismos físicos, lesões que possam aparecer, roxos ou dores e inchaços nas regiões genitais ou anal, roupas rasgadas, vestígios de sangue ou esperma, dores ao evacuar ou urinar. Dores inespecíficas como abdominal, cefaleia, em membros, torácica (afastadas as hipóteses biológicas) podem indicar sinais de alerta.

    Negligência
    Muitas vezes, o abuso sexual em crianças vem acompanhado de outros tipos de maus tratos que ela sofre em casa, como a negligência. Filhos que passam horas sem supervisão ou que não tem o apoio emocional da família, com o diálogo aberto com os pais, estarão em situação de maior vulnerabilidade a este tipo de abuso ou outros. Ou tempo em excesso de tela – podendo ser vítimas de apelos sexuais pela internet.

    E se a criança não fala nada sobre o assunto?
    Se a criança ou o adolescente não quer falar sobre o abuso sexual que sofre, o guia da SBP orienta os pais a procurarem conversar com um especialista no assunto, como um psicólogo, que possa avaliar a situação, bem como com o professor da escola, para saber se ele notou algo de diferente no filho, e ainda com o médico pediatra. Pode acontecer de a criança tentar contar para alguém, mas não ser ouvida. Por isso, o principal conselho dos especialistas é sempre confiar na palavra dela. É importante que quando a criança tente falar alguma coisa, que ela se sinta ouvida e acolhida. E, nunca questionar aquilo que ela está contando ou tentar responsabilizá-la pelo ocorrido.

    Como denunciar
    A denúncia pode ser feita a uma delegacia especializada em proteção da criança ou ao conselho tutelar da cidade. Também é possível fazer uma denúncia anônima no DISQUE 100. Esses organismos contam com profissionais especificamente treinados em obter os relatos das vítimas. Além disso, mesmo que a criança/adolescente não revele o abuso, os pais podem relatar suas preocupações e suspeitas a estes órgãos ou algum profissional de sua confiança, como o professor ou pediatra da criança.

     

    Texto: Verônica Fraidenraich
    Crédito de foto: Acervo Canguru News
    https://cangurunews.com.br

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